Papel Social da Leitura e da Escrita


A IMPORTÂNCIA DO PAPEL SOCIAL DA LEITURA E DA ESCRITA NO CONTEXTO SOCIAL E ESCOLAR – BREVES REFLEXÕES.

Compreender a leitura e a escrita como um sistema de representação que mediatiza a ação do homem no mundo e que, ele a ocupa em sua prática diária e no meio social ao qual está inserido é de fundamental importância para o educador que assume o seu verdadeiro papel de mediador do processo ensino aprendizagem. É necessário termos claro em nossa mente que não basta “saber”, é preciso “saber fazer”; não basta “saber” e “saber fazer”, é preciso “ser”, ser um cidadão capaz de agir e interagir com o seu meio social de forma eficiente, equilibrada e responsável.


Nosso intuito neste artigo é refletir sobre o lugar da leitura e escrita dentro do âmbito escolar e fora dele, faz-se necessário oportunizar de forma emergencial a todos os componentes da unidade escolar uma maior convivência com os livros e textos de variados gêneros com o propósito de garantir o sucesso na vida escolar e fora dela. O acesso aos diferentes níveis de cultura nos possibilita vislumbrar pontos de vistas variados e a multiplicidades de idéias. Oportuniza também uma participação mais ativa dentro do contexto social que se está inserido.
Saber ler e escrever ainda são uma tarefa angustiante e penosa para muitos indivíduos. Dentro de uma sociedade elitista esta situação se torna insustentável. O que se percebe no ambiente escolar que o trabalho com a escrita e leitura configura-se num hiato, contrapondo assim, o verdadeiro valor dessas duas práticas no contexto escolar, o que acaba gerando uma sociedade excludente das oportunidades que a leitura e escrita concede aos que a dominam. Isto nos arremete a concluir que a escola alfabetiza, mas não gera leitores proficientes, capazes de, socialmente, exercer de forma hábil competências de leitura e escrita que o contexto social exige. Tal constatação impõe a nós educadores repensar sobre qual o verdadeiro papel e importância do texto e do leitor dentro do contexto escolar, adequando-os às demandas sociais, ou seja, o ensino de leitura e escrita como praticas social.

Segundo Magda Soares “os valores da leitura sempre apontados são aqueles que lhe atribuem às classes dominantes, radicalmente diferentes dos que lhe atribuem às classes dominadas. Pesquisas já demonstraram que, enquanto as classes dominantes vêem a leitura como fruição de horizontes, de conhecimentos, de experiências, as classes dominadas a vêem pragmaticamente como instrumento necessário à sobrevivência, ao acesso ao mundo do trabalho, à luta contra as condições de vida”. (1988, p.17-29)

Diante dessa afirmação podemos nos ater à problemática que assola o mundo contemporâneo, a falta de “emprego” e pessoas habilitadas para assumirem postos que requerem conhecimentos, prática e visão empreendedora.
Hoje podemos constatar que a visão de mundo está mudando, as pessoas, já estão atentas, com relação ao hábito e a importância do ato de ler, o meio, cobra e exclui os que não se adéquam ao contexto.         
É imprescindível que cada cidadão tenha clareza de que ser um bom leitor significa perceber o caráter utilitário do ato de ler, atendendo assim a demanda da sociedade e também para compreender a diversidade de funções que a leitura e escrita requer para a apropriação dos bens culturais.
Refletir sobre o papel social da leitura está intimamente ligado ao conhecimento que temos de mundo, ou seja, a valorização do conhecimento que cada ser possui sobre um determinado assunto, já na escrita este conhecimento se torna restrito, pois o mecanismo que nos leva à escrita depende de uma série de fatores, o mais importante deles é a inserção na vida escolar, este é o determinante que faz com que o conhecimento de mundo que o indivíduo possui se concretize na escrita. A leitura é o “carro chefe”, pois é através dela que nos tornamos seres capacitados ao convívio social, saber como agir diante de uma determinada situação, saber respeitar e absorver o conhecimento do outro é conhecer direitos e deveres e com este ter condições de cobrar, argumentar e até mesmo exigir melhorias.
Somos vistos por partes de algumas autoridades políticas como seres alienados onde aceitamos e acreditamos naquilo que nos é imposto, aceitar as migalhas que nos oferecem às vezes se torna conveniente, é mais fácil pingar do que faltar, isso é bolsa família, bolsa escola, amigos da escola... Então, para que formar cidadãos críticos e conscientes? Se o próprio sistema conduz a alienação? Cabe a nós educadores o dever de conduzir a melhor compreensão desse processo.  
É dever e obrigação da escola mediar o trabalho com a linguagem mostrando que a língua é o suporte de uma dinâmica social, e o principal código utilizado pelo homem em sua vida social. Somos sabedores da importância da comunicação em nossas vidas, não importa de que maneira esta comunicação vai estar presente, se pela oralidade ou pela escrita, na escola ou no meio social que se está inserido esta comunicação deverá estar adequada à situação e ao objetivo em mente, é necessário que tenhamos sempre uma visão de mundo, estar sempre bem informado, pensar e agir de forma coerente e adequada a cada situação social vivida.
A leitura é a principal ponte de crescimento para as pessoas, independente da área que atua esta não deve ser colocada como imposição e transformada em obrigação, Daniel Penac, afirma que “o verbo ler não suporta o imperativo” Se a transformamos em obrigação ela se torna um fardo pesado demais para o leitor. Para suscitar o gosto pela leitura e garantir o desejo de se ler com prazer e por prazer, o leitor, passa a visualizar essa prática como algo prazeroso e imprescindível para o seu crescimento.
É por meio da leitura que temos acesso a conhecimentos construído pela humanidade ao longo dos tempos, ampliamos nossa comunicação e a nossa visão de mundo, desenvolvemos nossa compreensão, nossa comunicação e o nosso senso crítico. A leitura é, portanto, pontes para um caminhar rumo a uma verdadeira democracia de direitos igualitários, exercendo nossa cidadania, transformando a nós mesmos e a realidade que nos cerca.
Como somos seres que almejamos sempre buscar o novo, cuja realização não está limitada apenas em algumas metas, projetos, cursos dentre outras pretensões, devemos estar sempre atentos às dimensões para qual a leitura nos remete. Podemos concluir, portanto que a leitura e a escrita exerce um papel indispensável na sociedade, não só para o crescimento do indivíduo, mas também para o crescimento e desenvolvimento da sociedade como um todo. Todo cidadão precisa exercer a sua função social, independente de seu grau de instrução ou profissão, cada um dentro da sua área de atuação e dentro de suas limitações. Para tanto, este precisa, no mínimo, saber ler, escrever e interpretar o mundo da melhor maneira possível, sempre pensando no seu crescimento pessoal, sempre pensando em melhorar.
No ambiente escolar, é fundamental que “todos,” alunos, professores, funcionários, estejam voltados e interessados na leitura e escrita, pois o relacionamento entre os pares só será possível e equilibrada quando se tem uma boa convivência, e um bom entendimento verbal, fator importante na vida do ser humano, pois saber argumentar e se posicionar criticamente diante de determinadas situações é dever e obrigação de cada cidadão participante do processo social ao qual se está inserido.
O aluno que não interpreta, é excluído da sociedade, de certa forma, quem não tiver “visão de mundo” fica a mercê de uma sociedade elitista, onde só se atribui valor para aqueles que se julgam melhores porque teve o dom da oralidade, porque escrevem muito bem, porque estudaram um pouco mais, acaba que por fim, aquele que se julga inferior, fica totalmente excluído sem nem mesmo ter a chance de mostrar o seu potencial.
O verdadeiro saber, não está diretamente ou intimamente ligado ao grau de instrução de uma pessoa. Existe pessoa que possui instrução maior ou menor, às vezes recebem até título de “mestre” ou “doutor”, porém isso não lhe ortoga o direito de achar que ele seja melhor que os outros, ou seja, que o seu “título” lhe dê o direito de supor que é o detentor absoluto do conhecimento, mais que uma pessoa com grau de instrução menor.
Temos exemplos, de pessoas que se dizem ou se intitulam analfabetas - não sabem ler e escrever fluentemente – que possuem uma visão de mundo e uma forma de interpretá-lo muito mais aguçada do que as que receberam titulação, é claro que esta situação é uma exceção, não faz parte da regra geral, não podemos pegar esses exemplos como vantajosos, aliás, não é vantagem nenhuma não saber ler e escreve  fluentemente, pelo contrário, se a oportunidade fluíssem para todos, com certeza teríamos cidadãos mais críticos e capazes de lutar pelos seus direitos, sem deixar levar pelos falsas promessas dos nossos políticos e administradores, teríamos um País verdadeiramente democrático.
É necessário e pertinente que mudemos nossa maneira de agir e pensar, para atingirmos esse conhecimento e amadurecimento é imprescindível que a leitura e a escrita esteja cada vez mais presente no nosso cotidiano. Precisamos influenciar nossos alunos, funcionários e toda a comunidade escolar para essa mudança de postura, com relação à importância da leitura e escrita, pois o futuro desse nosso imenso país está nas mãos de nossos jovens e de todos os trabalhadores que lutam por construir uma melhor condição de vida.
Acreditamos no potencial transformador de cada cidadão participante deste processo educativo, temos ciência de que não basta falar de leitura, da necessidade de ler, e de sua importância no convívio social é necessário que essa ação faça parte do cotidiano de todos nós, começando na família e estendendo à escola.
Encerro aqui nossa reflexão com as palavras de Citelle,p.50:
E necessário ter claro que desenvolver uma competência para a leitura (da palavra) implica contribuir no sentido da formação de um cidadão mais pleno, que possa, criticamente, se assenhorar de um mecanismo tradicionalmente utilizado pela classe dominante. Tomar posse da palavra não para refazer o circuito da discriminação, mas para forçar espaços de libertação.



Adalgiza Oliveira da Silva Figueiredo
Antônio Wilson Dourado
Flávio Catarino de Jesus
Gerson Lemes da Silva
José Alcides Gil
José Moreira
Lara Rúbia Pereira da Rocha
Lucinéia Ariane Cristo
Rodrigo Sandoval Tedesco Ribeiro
Rosali Faria Lobo

Este texto é resultado de  dois encontros proferido pela professora Adalgiza Figueiredo, (palestrante) realizado na formação continuada na EE “Des. Gabriel Pinto de Arruda” -2009,


BIBLIOGRAFIAS




NEVES B. C., SOUZA, N. V.J. SCHAFFER, P. C. G. KLUSENER, R.- Ler e Escrever: Compromisso de todas as áreas / 7ª. ed. – Porto Alegre: Editora da UFRGS,2006.
  Um Olhar Sobre a Escola – Ministério da Educação Secretaria de Educação a                    Distância – Brasília - 2000.
Home /aprenda+/Língua Portuguesa/artigo.
Revista de quem Educa –Nova Escola –Janeiro/Fevereiro, 2009.    
CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 2004.


RESPONSÁVEL: Adalgiza Oliveira da Silva Figueiredo

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